quinta-feira, 12 de dezembro de 2013


         Caio lembrou o quanto Sara estava longe, naquele momento; houvera se dado conta de que jamais a veria novamente... Apenas para sua própria tristeza, tão somente para cultivar uma saudade que usualmente pareceria nunca cessar.

      Palmilhando uma rua punk de uma cidade punk, não podia negar a miséria que contaminava sua alma. Olhou para cima, divisou a lua cheia entre as nuvens negras e secretamente, pediu, implorou por redenção, qualquer que fosse. Entretanto, ele sabia-sentia que Deus nunca existiu, e sentiu que, definitivamente, seria impossível conforto algum para um coração perturbado como o seu...
      Entrou em um bar (chique, aliás), e praticamente ordenou ao bartender que lhe entregasse uma garrafa de Passport. Eis que viu Jezebel sentada a seu lado, e naquele momento Caio percebeu, surpreso, que ela lhe oferecia a chance de cometer todos os pecados.
      E então a seguiu para seu apartamento - ele sentia que sua ansiedade parecia mesmo lhe indicar como se comportar, origem de um desejo pungente. Uma pulsão animalesca lhe ordenava rasgar as roupas de Jezebel, beijá-la, lambê-la, sentir seu sabor, mordê-la, acariciá-la, estapear seu rosto, tudo tudo isso com um único intuito: esquecer a saudade que nutria por Sara, sentimento que Caio agora acreditava irremediavelmente parte permanente de sua alma!
     Ao acordar, viu o primeiro raio de sol, a luz primeira da aurora iluminar a pele tão branca daquela desconhecida, seu cabelo ruivo, ouvia sua respiração. Dirigiu-se a uma janela para poder fumar um cigarro, quando teve a certeza de que continuava tão vazio quanto na noite anterior a tudo aquilo. Surpreendeu-se ao ouvir um Daft Punk, ainda que distante, àquela hora da manhã ("lose yourself to dance...") e sentiu que os próximos dias seriam difíceis. Nada intuía sobre seu futuro emocional imediato, e também nem estava interessado em saber...

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Diário Gauche: A imaginação política - afinal - se destravou

Diário Gauche: A imaginação política - afinal - se destravou: "Anota aí: eu sou ninguém" Slavoj Zizek reconheceu no "Roda Viva" que é mais fácil saber o que quer uma mulher, b...

Diário Gauche: Nosso formulismo político-eleitoral é baseado em u...

Diário Gauche: Nosso formulismo político-eleitoral é baseado em u...: A privatização do parlamento brasileiro O parlamento brasileiro não é republicano.  Para ser republicano deveria deixar de ser pri...

Liberdade o ser das estrelas: 3x4 da inocência oculta

Liberdade o ser das estrelas: 3x4 da inocência oculta: Ela estava com os pés deslizando entre os lençóis brancos da cama. Ele a bambolear o cálice de vinho.   Ela violando em fantasia a ...

Diário Gauche: O Ministério da Cultura confirma a indistinção ger...

Diário Gauche: O Ministério da Cultura confirma a indistinção ger...: O preço da cultura Diante da repercussão a respeito da decisão de permitir que estilistas financiassem desfiles de moda por meio d...

Diário Gauche: A Bienal do Mercosul. A bienal de um não-lugar

Diário Gauche: A Bienal do Mercosul. A bienal de um não-lugar: “Sem dúvida, o nosso tempo prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser.”  (Ludwig...

Diário Gauche: A psiquiatrização da vida cotidiana e a velha mora...

Diário Gauche: A psiquiatrização da vida cotidiana e a velha mora...: A moral psiquiátrica Há alguns meses, as livrarias, enfim, receberam a última versão do "Manual Diagnóstico e Estatístico de Tran...